sábado, 3 de setembro de 2011

Purple Raze...in memory... - A Morte de Nadine...












Purple Raze...in memory... - A Morte de Nadine...





Era domingo ensolarado perto da represa. Não era o domingo de sempre nesta região pois o sol desinibido assim só se insinuava em três épocas distintas no ano como para que retificar quem manda no pedaço da borda da pizza do nosso sistema planetário, assim como um rei decadente, convalescente e trôpego. Era uma dádiva para os seres que não fossem anfíbios e esses domingos no lago da represa que tinha um charco ao seu redor circundando a parte seca que propiciava devaneios efêmeros. Seria desaforo ficar por fora do espetáculo e não poder compartilhar o manjar aos sentidos que alimentava o espírito e a memória coletiva através de cenas de cores, sensações, calor, sonoridades e frescor.
Si, um verdadeiro banquete sinuoso oferecido pela natureza quando o rei sol demonstrava seus dotes de Maître e dionisiaco da luz, onde ignorar-lo ou não prestigiar tal acontecimento era uma desfeita tal qual o ser ignorante, egoísta estaria condenando-se ao mérito de deslocado do privilégio da passagem na vida. Todos os seres com o mínimo de bom senso participava deste espetáculo a sua maneira, como traçara o destino das forças celestes.
Os humanos por sua vez sem plena consciência participava como por osmose, assim foi com Nadine e seus amigos. As tragédias humanas aparecem as vezes uma pincelada discreta como para dar contraste ou contorno da cena como coadjuvante de primeiro-plano de uma boa tela feita por um verdadeiro artísta de quadro de pintura.
Quando não, um simples figurante, simples, mas essêncial e de não menos valor para existência de uma boa cena. Uma nuvem, sombra, detalhes, simples detalhes, alguém já me disse por aí que o valor das coisas esta nas pequenas coisas, que o segredo da beleza da vida esta nos seus detalhes. Nadine era um destes detalhes que passa desapercebido pelos olhos duros e enferrujados dos humanos e que figurava nesta tela de domingo o qual o sol projetava a cena principal do seu primeiro-plano que era a dança da luz sobre o lago da represa.

Os três amigos da Nadine costumeiramente não perdiam o passeio ao lago da represa desta época do ano, ja que o sol os intimara todos os jovens bobalhões e romanticos a ir prestigiar o espetáculo efêmero da mãe natureza. Mas desta vez um dos três amigos bobalhões e românticos de Nadine não estava com o grupo, algo estava errado, mas isso não os desanimou-os.
Afinal, o sol era o Sol, e celso era apenas o celso.Bobalhão que estava meio confuso e recluso. Depois, seus amigos tirariam chacota dele e usariam o caso do passeio para resgata-lo de seu vagar no abismo de seus tormentos inconfessos. O celso estava nessa onda juvenil de caras que tem vergonha de se ver preso ao peso de uma crise de sentimentos, e neste caso não era tão simples, era paixão. Paixão que ardia por nadine, sua amiga de infância.
-Porra! Putaquemepariu! Logo eu? E agora?Tô fudido!
Bradava inutilmente consigo mesmo.
Celso passava por um bom bocado. Sua cabeça e o resto do seu ser estava uma bagunça só. Sua cabeça, parecia queimar com um barulho inconstante que o assaltara a cada relampejo em seu pensamento de algo que se assemelhava a um assombro. Nadine vinha a sua cabeça e a música desconexa e barulhenta tirava sua respiração de ordem e desalinhava seus pensamentos, o coração descompassava e algo parecia brotar do estomago ao coração, do coração a garganta, da garganta a cabeça, da cabeça algo com todo o barulho do mundo partecia estourar com sensações conjuntas de calor e cheiro que fazia-o fremer sua vista e por vezes lágrimas escorriam espontaneamente em seu rosto ardente, seus olhos pareciam esbugalhar, quase saindo de suas órbitas, com surpresasurpreendia-se neste espaço de agoniatempo-agonia sufocando gritos de desespero e felicidade como que uma felicidade proibida pela sua consciência doutrinada a não ceder aos sentimentos...afinal pecar em pensamento é o pior e o ultimo estágio de qualquer ser que se ver rendido a não ter dominio de sua razão, o tornando inconsequênte de suas ações. Ele sabia que teria de por fim aquela bagunça que encontrava seu ser...sem ter a mínima ideia de como fazer isso e como isso póderia ser possível, estava literalmente tateando outro universo, outro planeta, uma superfície inexplorada até agora por seu ser de jovialidade imbecil e febril. Celso está perdendo a inocência no jardim da vida, que alguns diriam jardim do Édem, está se deparando com sua nudez e um sentimento de repulsa, prazer, mais repulsa e raiva. Esta possuíndo por um amor proibido... uma mistura bizarra de raiva e amor por nadine estava deixando ao ponto de enlouquece-lo. Seu coração e sua vida estava ao dente para servir de prato principal as ironias do acaso do destino.
Não queria ceder, restara-lhe inutilmente lutar contra isto que o atormentava.
Para caras como ele, na idade e fase que desfilava seu vigor, seus sonhos e pensamentos sobre a vida, sentir amor por alguém que a vira sempre e cresceram juntos desde criança era uma sentença de ser tratado como otário edipiano! Pobre diabo...
-CARALHO!?! Como ela popopóode ter feito isso comigo? Como eu pude deixar isso acontecer???
-Meu deus!!! Afasta de mim esse cálice, senhor... Celso inconscientemente ruminava o aprendizado da litania religiosa que agora, só agora parecia haver sentido...e algumas peças vão se encaixado sobre as razões de certas coisas que aprendemos na vida.
Nadine por sua vez não sabia disso, pelo menos tentava dar a impressão que não sabia.
Há! esta sabedoria feminina parecia se divertir em segredo como da agitação da presa de uma aranha tentando se livrar da rede!
Celso estava tão boboca com ela...evitando-a, sendo rispido, etc...
"Não é assim que se trata UMA AMIGA!"
"Deixe-o passar uns bocados... divirta-se e depois corte a linha para aliviar o pobre diabo de sua confusão..."
-Ei! Quem vai perder é você seu tartamugo desaforado! Não se faz isso a um dia tão bonito! Tchau depois te conto o que você perdeu...
Celso não foi...e essas seriam as últimas palavras que ouviria da boca de sua secreta amada.
Nadine não insistiu com celso em ir ao passeio por que ela não queria cometar suas suspeitas sobre o qual celso estava se emaranhando como gato em bola de lã...iria estragar o passeio anual do grupo contado sobre a paixonite de Celso, coitados. Nadine andava sobressaltada com uns ecos das musicas que vem de tempos em tempos em sua cabeça que ela ouvira a uma semana atrás...era de um cd que celso tinha emprestado antes dele resolver enlouquecer ...Johnny Thunders....
"You Can't Put Your Arms Around a Memory???"
Nadine arriscava em cantarolar um possível refrão do que recordava e sem saber porquê gostara...
""You Can't Put Your Arms Around a Memory???"
Uma dessas músicas falava da memória e das coisas que vale apena em armazenar-las, coisas que as vezes não são agradáveis mas que faz parte do existir para esboçar o sentido das coisas agradáveis...essa música principalmente levava os passos da nadine contra o vento fresco a caminho da represa com seus amigos.
Era longa a estrada uns 5 Kilometros de onde partira da pequena cidade...mas todo o seu longo percurso compensava, o dia estava majestoso, qual nesta época as vezes tornava qualquer existência, a vida explendorosa e dignificada...
Eles caminhavam com tanta propriedade e lividez nesse percurso por eles tão trilhados que eles poderiam fazer-lo de olhos fechados...a estrada cortava este caminho em dois...eles iam ao lado direito...onde estava o lago e ondesempre raiava o dia com o sol nascente ...Celso conhecia melhor o caminho pois ele prescutara alí para suas pescas corriqueiras...
-Logo hoje, ele resove não se exibir como pescador... que chatalhão ele está pessoal! comenta em soslaio nadine...
O passar dos carros não eram rotineiros pela estrada do caminho, e este dia não mudara isso, passava como qualquer outro dia. De longe percebece-se a proximação de um...já passara uns seis no intervalo de 8 minutos...
Mas deste carro, não perceberam sua proximidade no raio de três quilometros...ou não deram atenção mesmo...só um carro.
Sim! Só um carro mesmo, um dodge beje ano 72. Só que dentro o Waldir, homem da cidade, a 42 anos, 81 Kilos, recém-divorciado e sem filhos; já que o filho que tanto queria da ex-esposa não poderia ter tanto porque ela não queria tanto porque teria medo de herdar de sua família filhos com problemas genéticos, dois anos desempregado, enuviado, ensebado, barba de uma semana por fazer, molengo em sua cadeira de guia, olhos petrificados e como se engolidos a ver para dentro de sí, mas direcionados para a estrada como como na retidão das linhas que trilhava o seu torpe pensamento , rádio alto cuspindo algum resultado e comentário de um jogo de futebol idiota qualquer que ele não dava a mínima atenção. Estava sem destino certo mas estava indo...isso era só o que importava para ele. O importante era que estava indo...não importava para onde...mas ficar sem caminhar seria pior...
"talvez para cochabamba, para dentro de um vulcão desses indíos..." pensava..."Foda-se! Para qualquer lugar...longe do lugar de antes, serve qualquer lugar que seja distânte...distante da onde? Há! Isso Mesmo! já estou perdendo a trilha! isso mesmo é o que eu preciso! ir apagando o rastro para não ser idiota em voltar e fazer alguma merda pior do que já está cagado..."
Waldir já guiava por três dias sem intervalo razoável...
Do lado direito da estrada a uns 3 quilômetros Nadine ia caminhando com seus amigos e a sua frente, já próximo o lago da represa onde improvisariam um piquenique com algumas coisa trazidos em sacolas de casas e algumas frutas colhidos no meio do caminho por seus amigos e Nadine com alguns ramos de pequenas flores silvestre para enfeitar a toalha-mesa...
Seus amigos deliciavam caminhar com Nadine, ela era daquelas pessoas que deixavam transparecer a música que pensava em seus gestos e falas e seu corpo parecia uma marionite desta beleza das coisas, seguia o ritmado de uma música própria que ela candenciava desprentesiosamente, espontâneo e natural.
Seu ser encantava o canto que dava para nela se ver...
Isso!!!...as vezes para as pessoas, Nadine era música para se ver, os amigos os privilegiados...e Celso...não suportou e abobalhou-se com toda essa ternura...fisrgh!
Nesse momento parece-se que o tempo divorciou-se da lógica da física terrestre...um portal do tempo abriu um buraco...e em questão de milésimos um clarão onde cegou de luz os olhos de todos que piscaram ao mesmo tempo fez parecer tudo misturado e lento com o impacto do clarão da caixa atemporal de pandora no intervalo encandescente do sol, do sorriso da Nadine, o peso da pressão sobre estas coisas no ar e um vento meio que abafado e o suave recobrar auditivo do som da vida xomo ao submergir de um mergulho, ao do longo sorrir da nadine que parecia cuspir uma grande onda do mar que jogava seu corpo para trás com essa força e descompassala como um ébrio de felicidade fútil, um sorriso tão longo quanto seus negros cabelos cacheados que se espalha tão lentamente quase como que varrendo o vento deslizando no ar para fugir do chão que parecia querer tragar para suas entranhas...há salsero do desfile para eternidade da arte da natureza e suas belezas subliminares!!!...tudo isso em três segundos num angulo da sequência de imagens que durou o desenhar do todo deste cenário fantástico.
Três lentos segundos e o tempo volta em breve ao seu curso lógico normal mas só que com pesada sensação de breve e universal mutez...silêncio...
Nesse momento no dodge beje do ano 72 a 80 Km/h, waldir cansado estava longe do controle do seu exercicio de reflexão mental, anestesiado, literalmente dirigindo no piloto automático.A apesar de ser um dia ensolarado Waldir só via nuvens a sua frente. Nem percebeu o que exatamente foi aquele baque ruído do esfarfalhar sob a estrutura mecânica do carro que longinquamente ouvira quando percebeu ter passado por cima de algo ou alguma coisa, saco de lixo, tronco de arvore, pedra, animal ou até mesmo uma pessoa!!! Aí ele despertou de seu coma existêncial assustado...diminuiu a velocidade e olhou primeiro pelo retrovisor e depois inclinou-se para ver atrás pela janela do dodge.
E viu...era um corpo de alguém qualquer que ele atropelou como se fosse o seu próprio ser e assim o despertara da profundeza abissal partiular.
-Merda! Cochilei no volante! Pronto! Agora mais uma cagada pra coleção de minhas merdas. Quer saber? Chega! Merdas à merda enquanto estiver vivo!
Trocou a estação do rádio e colocou numa música que parecia ser um rock dos anos 60, sentia-se vivo novamente, olhou pelo retrovisor e duas pessoas gritando como loucas agachadas em volta de uma pessoa que parecia já estar morta.
-Sinto muito, filhos! A vida não é justa e eu não sou juíz nem superheroi nem socorrista, então...fuuui-se!
Waldir suspirou e acendeu um cigarro com uma longa tragada, olhou o retrovisor novamente e acelerou e foi com forças recobradas , seguindo a estrada desconhecida escutando uma música que até por irônia das coisas viu-se cantarolar...
- Eu já ouvi essa porra em algum lugar"Purple raze..." e aumentou o volume... "...my mind..."
-Nadine!!! Acorde, Nadine!!!
Berrava seus amigos diante do corpo espatifado pelas rodas de um dodge qualquer, de uma pessoas debil mental qualquer...
Berravam e era tudo que poderiam fazer...o pior cego é aquele que não quer enxergar e era mais que visível que Nadine já tinhase despachado deste planeta para qualquer um lugar desconhecido...o doce sorrir de Nadine neste dia tatuou para sempre a memória de seus amigos e de Celso que nem estava presente mas parecia ser o expectador mais onipresente depois dos fatos em que este destino leva também ao charco ao lado do lago da represa.
Entre o asfalto e a terra do caminho do acesso ao lago um quadro pintado com um paralelo transversal com uma disformidade de um borrão da imagem grotesca agora com terra, sangue, ossos, fluídos da maquina assassina e fluídos da maquina da beleza e do amor, o sol secara e sessara seu desfile refletindo nos cachos ainda esvoaçantes ao solo dos cabelos negros e brilhantes de nadine. Efemeride espetáculo do sol "...‎Purple Raze...in memorie... baby!

Ogro Lunar. ‎sábado, ‎3‎ de ‎setembro‎ de 2011

Nenhum comentário: