segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

RÁDIO COBRE!!!




(Leia Escutando:
Noche De Ronda - Eydie Gorme y Los Panchos
Vasco Rossi-Ho bisogno di te )

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Noite de Ronda.


Este era o único casarão, no final desta longa rua em que seu começo era povoado em casebres rústicos e um pouco modestos.

Quando o vigia noturno de tal comunidade chegava a este ponto da rua sentava à beira da escada do casarão desabitada em seus limites internos.

O vigia é claro aí com a luz do poste na madrugada, aproveitava para descansar e mata –o - tempo. Sempre esta parte da noite às 02 horas da madrugada era parte que o negrume sobrepujava a onipresença desta grande residência banhada em luz pelo poste, que podendo ser vista pelos caminhoneiros a uma légua da auto-estrada, que levava a cidade provinciana a 12 km, agora freqüentada por vezes por alquimistas; hoje conhecidos como cientistas, em meio a uma recém descoberta de um sítio arqueológico com ruínas da civilização Tapuia, o qual o casarão serviria de confortável hospedaria destes cientistas.

Antes, bem antes servira de entreposto de senhores de engenho, agora reformada e tombada como patrimônio da cidade provinciana dali aos 12 km de seus limites e servindo aos senhores de outrora e seus outros tipos civilizatórios de engenharia tribal.

28/01/2010, OGRO LUNAR


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A Cripta do Coveiro.

Era a maior de toda a cripta a dos Guimarães, luxuosa, imperial, esplêndida e religiosamente limpa, maior por vezes que a residência de descanso de muitos milhares dos vivos pelo mundo.

A luz da admiração vinha principalmente a noite, logo ao termino do serviço diurno no cemitério dos cristãos ortodoxos de alcunha “Damaskinus”.

A Cripta dos Guimarães conhecida também pelos freqüentadores nada ocasionais como de jovens góticos que apelidaram tal edificação de “o berço do conde vlad”.

Os góticos respeitavam a disposição de todos os jazigos, mas, preferiam sempre a parte mais escura do cemitério já que a luz da cidade era bastante forte fugindo assim de onde era mais claro nas catacumbas ofuscavam-se os detalhes como as escritas em latim que só apenas a noite sob a luz tépida como dos românticos ou como no recolhimento dos delírios de boêmios que lembrava as tabernas da era medieval era possível apreciá-las.

Um poste defronte a cuja cripta dos Guimarães, somente o coveiro em meio à escada iluminada quebrava a forma natural do retrato da cripta receptora dos restos mortais da célebre família dos Guimarães. Tão célebre quanto à alcunha do empalador reservada pelos góticos em ode ao “conde vlad”.

Celebridades tão igual e mortalmente impotentes diante dos cuidados imperiosos do vassalo em sua vontade nas caprichosas horas de divagações titubeantes enquanto ao enrolar de um viscoso tabaco das madrugadas a esmo na vadiagem do nobre coveiro.

28/01/2010, OGRO LUNAR

Radio Cobre: A pegada da Onda.

28/01/2010. Ogro Lunar. São Paulo.

Radio Cobre: A pegada da Onda.

Só não pega, carrapato de vira-latas

que dorme no ponto da sua pegada.

Bom dia agora é 08:30 horas mesma hora de ontem, hoje já é amanhã se deus e a policial federal nos deixar a surfar nas ondas do céu da zona extremo-oeste da nossa majestosa periferia paulistana” dedico a Plínio Marcos.


Era manhã de quinta-feira, dia da coleta do patrocínio da rádio pelos anúncios de mercadinhos, igrejas, serviços do centro comunitário, orações dos crentes, macumbeiros, cartomantes, mascateiros, lojas de construção, feirantes, jornaleiros, padeiros,oftalmologistas, odontologistas, posto de saúde que vendia remédios amostra grátis, técnicos em próteses dentária o que antes chamavam de “chapeiro”, oficinas de concerto de quinquilharias, tecno-mecânicos para motos-carros-bicicletas-triciclo-pogobol-bambulê-corda elástica-panelas-pulseiras, que seriam tudo vendidos aos intrujes do bairro.

O povo gostava mesmo era da criatividade ou feiúra nos anúncios dos bilhetes dos malandros cantadores de plantão com seu elogios, poemetos, poesia, músicas, pensamentos ou maldições para as cabrochas de época que as vezes só desfilavam sua áurea no bairro em 3 meses antes de ganhar barriga de algum malandro ou não-malandro, e condenar o esplendor de sua beleza no auge de sua juventude.

E o povo já esperava outra carta pois, queriam ver se o malandro era quisto para suas garotinhas de na média 15, 16,17 anos, 18 não, pois este é o certificado de já ter rodado na mão dos malandros, se forem espertas rodam só na primeira e botam o malandro na coleira.

Os parentes da nega sabida e guerreira, diva e deusa amansam os metidos a espertinhos botando os bicho para “trabaiá”, uma senteça para malandro morrer de desgosto, mas malandro que é malandro não morre, desfila gingando.

É um insulto também para os pretos velhos pobres na sua maioria, ver seus filhos e filhas serem taxados pela policia nas duras dentro das quebradas como “favelado vagabundo”, pois os velhos sabem que as Mecas das babilônias foram levantadas por seus ombros e nada puderam deixar para seus filhos só conselho de como sobreviverem a driblar as duras das esquinas de todas cidades deste lado do ocidente. É uma guerra em todos os sentidos. Vida poderia ter um eufemismo, porque nosso latim é tão ressentido? Será que existe um eufemismo disso em outras civilizações?


Lá ia ele contrariado fazer a 2º coleta daquele mês da Rádio Cobre, o “Perneta” resmungando com seus amigos fantasmas, manos talvez caídos no ano passado ou no começo deste:

-Porra de zica mermão!?! Logo hoje e esta hora da manhã tão cedo?

Já!Já! O tempo passa e não vai dar tempo de assistir na TV-à-Gato do boy Naldinho “viadinho” o amistoso entre Coréia do Norte e Timor Leste, tem 5 brazucas pelo Timor, os caras não ta ligado com a pelota não, o que é que eles tavam fazendo até hoje?

Do lado de lá daquele mundo as coisas são estranhas, dizem até que pensam de trás pra frente, alguns de cima pra baixo, de baixo pra cima, imagina tudo isso depois de um pega num puta baseado mermão???Hérhhhh!!!!Eu ia vira uma bola rolando em todos os sentidos!É! Os caras não sabem fazer uma bola rolar e atravessar a trave do adversário?Isto que é não saber viver!!!Hérrhhh!

Pô! Vou perder o betão do mengão pelo Timor cortando o ar com sua bicicletada pra o terror do goleiro amarelo, acho que o nome dele é Bruce,... Aquele baixinho voa, peita beques da sua defesa e atacantes adversários puta muralhas, o cara até cisca chamando pra briga mas os caras dão risada. Betão vai entortar o juízo dele como fazia o Garrincha!

Pô! Cara folgado e tampinha igual como alguns caminhoneiros, esses vida-boa que vivem mermão...viajando para todo lugar, tomam bolinha, trepa na estrada adoidado assim como na BR da Bittencourt onde trampei como chapa de um motora, ele sempre ia lá ao lado do posto onde tem uns quartinhos para não trepar na boléia que dava problema na coluna como ele reclamava...ele dizia que frenquentava lá era por causa do sono e cansaço ou por ficar emcabrunhado por ter atropelado alguém ou algum bicho por aí,...

Há! O nome daquele buraco de rato que ele chamava de pousada era “Ardeantes” que nunca entendi o que queria dizer esse nome, por sinal o chefia trazia o fundum do posto e de “Ardeantes” que só santo para agüentar a mesma porra podre que impreguinava a boléia. O cara não deu aumento foi a chave perfeita que dei para sair fora e por cima.

Coitada das patroas que o chefia escutava o que comentavam entre elas naqueles cafezinhos do fim do dia:

-“ Coitado deles eles trazem as coisas pra casa mas também traz porcaria. Aquelas frases pomposas na traseira dos caminhões: ‘o vento das estradas’, ‘Vanessa, já estou voltando!’, ‘Tardo mas eu chego, rezo e já volto’, ‘Língua de todas pedidos, dentes de todas entregas’, ‘Minha mãe, meu chão, minha estrada, meu caixão’. Poderia também colocar “Caminhoneiro vai, as pestes vão atrás”, e não há pomada milagrosa boa que dê conta da xanha não minha filha! Só banha de cobra que limpa as ‘peça’ dele , bem feito! Quem manda enfia aquele ferro velho em qualquer aterro de beira de estrada onde só urubu canta de galo!É! Será que eles pensa se encontrou minha xava no lixo pra enfiar as ‘peça’ dele em qualquer buraco por aí e depois enfiar na minha de novo, há não, eu jogo uma panela de água quente quando ele tive dormindo se eu souber que peguei bicheira das saidinha dele com aquelas piranha, há se jogo! Jogo e depois não vai ter nem como pedir outra chance nem pra pomba gira sem as ‘peça’ no lugar!?!”


Há!Há!Há! Sabedoria das patroas não é mole não, é poetisas, filósofas donas do lar, e o diabo encarnado na vingança, vingança pra mil anos!


Falando de Urubu mano... Que porra não ver o betão fazendo a alegria da turma do mengo jogando pelo Timor Leste, tem jeito não! É melhor aproveitar à hora da coleta e passar por último na quitanda que tem rádio sintonizado, deve dar notícia em meio e meio tempo, é claro que vou só depois de forrar as lombriga com a gororoba do centro comunitário.

Perneta esvaia-se em um torpor com aquele sentimento de contrariedade que dá em macho de vez enquando, ele ia perder o jogo da manhã entre Coréia do Norte e tipo o futebol era tudo que ele tinha na vida, seu norte e oriente... E com tudo isto um arquiteto e engenheiro que conseguia manter de pé uma alma alegre e ‘sorridentes’ fossem qual fosse à situação, era bem chegado a todos da comunidade gozando de certa aceitação e popularidade, mesmo os que não gostavam daquela disposição insistente dele de otimismo imbecilizado.

Timor Leste que tinha o jogador Betão, um dos Brasileiros solicitado pelas autoridades de lá as autoridades brasileiras que saiam de uma guerra civil de décadas a fio pelo país vizinho; Indonésia, lutando por sua independência o saldo tendo quase metade de sua população dizimada e devastada, um país guerreiro como em muitos mundos, mas este tendo lutado inclusive contra o colonialismo português, estes que agora em seus descendentes compõe a facção pela libertação nacional, o FRENTILIN, derrubaram a ditadura sanguinária com a determinação e força de seu povo. Solicitando como idioma oficial o português por orientação das autoridades brasileira e também em sua reconstrução. Com passos tímidos Timor Leste vai recuperando a esperança e força com ginga, livrando se da chaga da repressão aos seus gestos espontâneos impressos no sorrir talvez rindo para o dragão da maldade “Dragão é forte, mas então que seja, pois aqui seguiremos sempre!” pode parecer pouco para nós, mas para eles um passo-doble para o futuro livre por sua autodeterminação como nação e liberdade de exercer suas inúmeras crenças e cumprimento de sua fé com respeito mútuo, contente por sua natureza contagiadora.

Betão e outros jogadores brazucas estavam lá para dizer a este povo que não estavam sós, que admiramos sua força como povo, que também aqui deste lado do continente sofremos e enfrentamos uma guerra que aparentemente silenciosa e não declarada a miséria oficializada pela burguesia nacional; que é a pior de nossas forças populares de enfrentar que a dita Elite dominante que só mexem as peças mas não vê ameaças a seu posto a anos luz e ignora a força da organização do poder popular em combate a desigualdade e exclusão social que nos leva a todos a muitos malefícios, entre eles nanismo de espírito rebelde e revolucionário e nos condenam a morte, miséria e ao esquecimento.

Que ele é fruto disso e sua arma, a única que lhe é possível a fazer algo efetivo foi o futebol para desarmar a desesperança na espiritualidade guerreira dos seus pobres, que o caminho é chão a ser percorrido e corrido assim como os passos que tem que fazer para marcar o gol não para si, não para o time mas para o povo de onde vem neste americano lado abaixo da linha do equador de ser.

Prá frente Timor Leste!


Perneta acelerava de raiva seus passos mancos entre muxoxos:

-Porra! Fazer coleta logo de manhãzinha!?!

Neste momento passa diante do alfaiatero Vermutti, uma das bichas-velha do bairro.

-E aí pretinho vadio e veado? Andando a toa com este cabeção entre as pernas, né?

-Andando a toa não bruaca! Tô no corre, trampando, batendo na trave sem fazer gol sem esquentar que pode tardar, os santos tão ocupado, mas não me larga não, o nego aqui não falha! Que foi? O que é que é? Sei... tá na fissura de rola, né?

-Eu também gosto de gol, mas do seu, aleijadinho meu com pêndulo mouresco pro titio aqui se esbanjar.

Híii!Tá!Tá!Tá! Com esta baboseira nojenta, logo esta hora? Tu não dá tempo! Então depende não to muito afim não, tem muito chão pr’eu fazer e nem assisti o jogo, cê sabe, o bairro perde sua alegria e seu príncipe aqui, se não vejo uma boa jogada. Então depende para reanimar meu animo e sacrificar meus afazeres...

-Depende de quanto?

-Para te fazer de macho é com outro.

-Diz logo, tu sabe do que é que eu gosto...

-Então, para te fazer de nega é 30.

-Tá louco? Ta se achando hein? Este sorvetão não tem recheio de ouro não viu?

-Pode não ter recheio de ouro, mas te faz um tesouro e é só do nego aqui oh! Dois na quebrada não tem não!

-Vai se foder perneta!

-Quintal para eu foder não falta não, mas to cansado de andar, hoje vou foder só você mesmo, topa ou não topa? Ninguém leva mixaria pro céu não titia!

-Nego convencido!

-Convencido nada titia, vai ficar papagaiando aí muquirana, depois você se arrepende que eu to sabendo que o vadão ta cobrando pedágio e nego que não tem parte com cão, não bate com ele de frente não, já trampou até com rabecão, dizem que foi assim que ele derreteu o juízo com o sete-capas, a noite não circulo com esta besta solta não, nenêm!É por isso que tudo das coisas na comunidade deu uma subida nos preços.

-Eu sei! Então me joga logo no beliche e me faz de mulher, bisogno poco é bobagem...

-Num entendí que tu disseste não, mas demorou bicha velha, vai ter que agüentar um “L” que tu ta muito gorda para eu agüentar seu “Ç” cedilhado, ainda com buxo vazio que as coisa piora!Vai deixar o nego sem ar e quebrar meu pau!

-Se o que você tivesse de matraca tivesse em tamanho de piça, tu nem andava, precisaria de carro de mão, nego gozador!

-Tenho suficiente!Tira olho gordo que já estou perdendo o jogo e não vai dar para fazer aposta minha titia!

-Hí!Cruzes meu São Genário! Faltou luz!Aíii! Cadê o Gel?

-Azar o seu!

-Manteiga serve.

-Serve não, fica um fundum e nhaca no meu sorvetão sua velha nojenta, baixa logo as calças, vai à cusparada mesmo!

-Há! Achei!

-Pois, então... viva ao betão!


28/01/2010, OGRO LUNAR

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METENDO O TROMBONE NAS BOCAS

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