Carlos Drummond de Andrade
A bunda que engraçadaA bunda, que engraçada.
A bunda que engraçadaA bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vaipela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeasem rotundo meneio.
Anda por sina cadência mimosa, no milagrede ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria.
E ama.
Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem.
Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,rebunda.
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0508.html
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